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Insónia

A noite chegou e já partiu
Trouxe estrelinhas a brilhar
E o branco suave do luar
Mas o sono ninguém o viu,

Queria tanto poder dormir
Esquecer esta solidão
Que trago em meu coração
E que teima em não partir,

Mas o sono é tão teimoso
E não vem para me mimar
E assim não posso sonhar
Um sonho de amor maravilhoso,

De manhã solto um lamento
A noite triste e fria já passou
Meu coração não descansou
Não descansou meu pensamento,

Estou cansado de esperar
Pelo meu amor rompante
Que pelo mundo anda errante
E não sabe onde me encontrar....

Mendigo

Mendigo o teu sorriso claro…
Mendigo-o para que ilumine o meu dia.
Mas apenas a cor cinza cobre a vida à minha volta.
Depois peço encarecidamente o brilho dos teus olhos…
Para que fique preso nos meus.
Mas não o sinto, não o vejo.
Mendigo o calor das tuas mãos…
E estendo as minhas na tua direcção e espero…
Mas espero em vão.
Pergunto-te no meu coração se pensas em mim…
Mas apenas recebo um silêncio rotundo, desconfortável.
Depois, dentro de mim a certeza de que não me vês.
Sou transparente, talvez feito de vidro, talvez feito de ar.
Sou uma mendigo…
Sou uma mendigo de beira de estrada…
Igual a qualquer mendigo que pede esmola num passeio de rua.
Mendigo e estendo as mãos e escondo o olhar tímido.
Sou uma mendigo da tua atenção.
Mendigo um pouco de ti na beira da tua estrada.
E espero.
Em vão. 
Espero sempre em vão.

Saudade

Entre as nuvens dispersas vislumbro o azul celeste
Fixo-as, às nuvens, altas e brancas
E de repente já não são nuvens
São Pégasos brancos como a neve
São tão belos que me fazem sorrir!
E não quero sorrir…
Não quero sorrir porque a solidão é tanta
É tanta e só me apetece chorar rios de lágrimas
Que possam correr até ti para te fazer lembrar de mim!
Só quero não fazer nada, ver nada, sentir nada!
Quero deixar-me engolir pela terra
Passar a viver serenamente nas suas profundezas
Longe do teu olhar esquecido de mim…
Mas os Pégasos estão ali…
Se estender a mão talvez os alcance…
Estão tão perto das minhas mãos, meu Deus!
Estendo-as então numa tentativa de os agarrar!
Mas eles avançam pelo céu em tropel
Numa cavalgada alada como nunca tinha visto!
São tantos! E belos! Tão belos!
E então, recolho a mão devagar
Não fui a tempo de lhes tocar
De os sentir na pele da palma da minha mão
De os abraçar, de imaginar viajar nas suas garupas
Sem destino pelo céu azul, longe da solidão da Terra
E da tua indiferença…
E de repente…
Já não são Pégasos mas nuvens outra vez
E também já não são brancas mas negras
São negras como breu e trazem tempestade dentro de si
Fixo o céu novamente até me doerem os olhos
E quando cai a primeira gota de chuva liberto a primeira lágrima
E deixo que se misturem na minha cara
E sulquem a minha pele até à minha boca
E saboreio por fim o gosto amargo da saudade…

Infinito

Gostaria de poder voar e tudo alcançar
Cruzar o céu, desertos de terra e mar
Para que apenas com um doce gesto
Com os meus braços te pudesse abraçar
Fosse o horizonte o meu alento,
E a sua linha apenas fruto da ilusão
Tão inexistente seria o meu tormento
Se nesse abraço estivesse o teu coração
E esta ânsia que me percorre
Na tua longa distância de devastação
Nessa linha em que o tempo corre
Nada passa para além da solidão.
Será este desejo apenas fantasia,
Ou ter-te-ei eu um dia?

Andando na estrada

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
De vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. 
Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...

Fechar de vez o coração

Hoje estou triste.
Meu coração dói, comprimindo o peito.
Sinto-me tão pequeno, tão carente.
Sinto-me desamparado.
Chorar, já chorei tudo o que podia mas há um buraco dentro de mim que teima em não fechar e com isso, me angustia.
Tu sabes o quanto estou apaixonado.
Sabes, o tamanho do meu desejo em estar contigo e sabes, também, do sentimento de rejeição, de pequenez, que toma conta de mim.
São noites que passo em claro. Não sei se é imaginação ou sonho.
Quando amanhece, não sei se dormi ou se fiquei a projectar imagens na minha cabeça mas acordo triste.
Triste por saber que meu amor não me ama e por mais que eu tente encontrar razões, não consigo.
Só fico a me perguntar: Por quê? Porque não? Já fiz de tudo.
As pessoas dizem-me que é assim mesmo. Que o tempo será meu grande aliado para que esta ferida fique cicatrizada mas ninguém sabe me dizer quanto tempo será necessário para que, um dia, eu acorde, abra a janela, contemple a luz do céu e me sinta feliz.
Eu quero esquece-la.
Mas sinto-me frágil.
É tão triste o sentimento de rejeição. Eu quero esquecer este amor não correspondido.
Talvez, esse problema não seja importante para a humanidade.
Há tantas pessoas que sofrem por coisas piores. Eu tenho tudo. Tenho saúde. Tenho juventude. Tenho a vida toda pela frente.
Mas hoje...
Hoje, tenho de ser honesto.
O meu sentimento é de quem não tem absolutamente nada e de que a vida não faz o menor sentido.
Há momentos em que eu me arrependo de ter começado a amar mas acho que não foi decisão minha.
Surgiu.
Veio do nada.
Veio de um olhar.
De um tom de voz.
Um sorriso.
Veio de um encontro num instante, me fez sentir totalmente diferente.
Um frio na barriga começou a acompanhar-me, e eu comecei a mudar a cada dia.
Inventei histórias em minha cabeça para justificar o amor não amado mas agora, quero voar num outro horizonte.
Pelo menos, hoje.
Pelo menos, neste instante.
Eu sei, que o infinito é infinito e é por isso que peço forças.
As minhas asas não podem ficar congeladas pela dor do amor.
É preciso que eu recupere o poder de voar e ir adiante.
Eu já existia antes de começar a viver esse amor e tenho a certeza de que continuarei a existir depois de ele se ir e é por isso que quero voar.
Quero voar e durante o meu vôo contemplar tudo que ficou esquecido durante esta minha passagem por um ninho que não me deu guarida.
Não quero ter ódio.
Não quero desejar mal. Só quero conseguir continuar voar.
A dor ainda não passou. A paixão teima em me fazer companhia e soprar nos meus sentimentos alguma esperança.
Não quero ter esse tipo de esperança.
Quero recuperar o meu vôo e ir adiante.
Quem sabe, neste lindo horizonte, algum pássaro queira me fazer companhia e o que hoje eu sinto será apenas a lembrança de uma dor profunda, que não existirá mais.
Este vendaval é violento, mas faz-me sentir vivo e isso é bom.
Já estou um pouco melhor.
Pelo menos agora, estou melhor.
Amanhã, quando a dor voltar, lembrarei-me de ti e melhorarei um pouco mais.
Até o dia em que a teia desta paixão me libertar, para talvez cair em outra.
Mas quem sabe, da próxima vez, o encontro seja mais belo, e a flecha de erros atinja dois corações e terei força para esperar que a dor passe e ver o amor ressurgir.
Ou então fecho de vez o meu coração...

Amo-te coisinha frustrante!

Se...


Se... um beijo fosse... uma flor, brindar-te-ia com um jardim,
Se... um beijo fosse... uma luz, brindar-te-ia com o Sol,
Se... um beijo fosse... um raio de luar, brindar-te-ia com a Lua,
Se... um beijo fosse... uma pérola d’água brindar-te-ia com o oceano,
Se... um beijo fosse... uma gota d’orvalho, brindar-te-ia com o céu,
Se... um beijo fosse... uma estrela, brindar-te-ia com o firmamento,
Se... um beijo fosse... uma alma, brindar-te-ia com a minha...


Reabrir o coração à vida

Extrapolei os sonhos!
Vivenciei as mágoas.
Convivi com fracos,
Suportei os falsos.
Mantive-me em pé,
Mesmo com as pedras atingido em cheio.
Varri da alma a revolta ignóbil,
o desprezo inútil,
e a descrença falsa.
Reabri meu coração à vida.
Deixei reflorescer a ternura.
Olhei em volta e para o céu sem fim...
Conformei-me com o mundo, conformei-me com a vida.
Com a vida e com o mundo...
Que mereci para mim.
Aprendi a reconhecer a amizade, sem mandamentos,
pela simples razão de amar.

Ela...

Eu não entendo nada
Quando vejo este brilho
Eu não sei o que posso mais fazer
Talvez seja a minha vez de coroar

Desta vez eu enganei-me
Esqueci-me do valor que eu tenho
Para te ouvir dizer
Que o teu coração está queimando

Eu te darei
Tudo que tenho
Para te lembrares meu nome

Antes de ser apagado
Eu deixarei uma marca

Queria que fosse fácil
Mas talvez tu não queiras saber
Eu desço a rua todos os dias
Para nunca te esquecer

Isso que eu sinto quando desço a rua só para te ver...
E tu nem escutas as palavras poucas que digo
Nem concordas quando mostro os meus sonhos
Os meus devaneios, os meus sentidos

Abandonado, sou apenas um amigo ausente
Com um amor guardado
Um amante desesperado
E uma menina linda perdendo o seu tempo
Com demónios alados.

Só por que disse que te amo
Não quer dizer que não quero ser amado
Quero só estar perto, quero ser as memórias
E não quero ser apagado.