Google+ O blogue: agosto 2017

Infinito

Gostaria de poder voar e tudo alcançar
Cruzar o céu, desertos de terra e mar
Para que apenas com um doce gesto
Com os meus braços te pudesse abraçar
Fosse o horizonte o meu alento,
E a sua linha apenas fruto da ilusão
Tão inexistente seria o meu tormento
Se nesse abraço estivesse o teu coração
E esta ânsia que me percorre
Na tua longa distância de devastação
Nessa linha em que o tempo corre
Nada passa para além da solidão.
Será este desejo apenas fantasia,
Ou ter-te-ei eu um dia?

Andando na estrada

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
De vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. 
Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...

Fechar de vez o coração

Hoje estou triste.
Meu coração dói, comprimindo o peito.
Sinto-me tão pequeno, tão carente.
Sinto-me desamparado.
Chorar, já chorei tudo o que podia mas há um buraco dentro de mim que teima em não fechar e com isso, me angustia.
Tu sabes o quanto estou apaixonado.
Sabes, o tamanho do meu desejo em estar contigo e sabes, também, do sentimento de rejeição, de pequenez, que toma conta de mim.
São noites que passo em claro. Não sei se é imaginação ou sonho.
Quando amanhece, não sei se dormi ou se fiquei a projectar imagens na minha cabeça mas acordo triste.
Triste por saber que meu amor não me ama e por mais que eu tente encontrar razões, não consigo.
Só fico a me perguntar: Por quê? Porque não? Já fiz de tudo.
As pessoas dizem-me que é assim mesmo. Que o tempo será meu grande aliado para que esta ferida fique cicatrizada mas ninguém sabe me dizer quanto tempo será necessário para que, um dia, eu acorde, abra a janela, contemple a luz do céu e me sinta feliz.
Eu quero esquece-la.
Mas sinto-me frágil.
É tão triste o sentimento de rejeição. Eu quero esquecer este amor não correspondido.
Talvez, esse problema não seja importante para a humanidade.
Há tantas pessoas que sofrem por coisas piores. Eu tenho tudo. Tenho saúde. Tenho juventude. Tenho a vida toda pela frente.
Mas hoje...
Hoje, tenho de ser honesto.
O meu sentimento é de quem não tem absolutamente nada e de que a vida não faz o menor sentido.
Há momentos em que eu me arrependo de ter começado a amar mas acho que não foi decisão minha.
Surgiu.
Veio do nada.
Veio de um olhar.
De um tom de voz.
Um sorriso.
Veio de um encontro num instante, me fez sentir totalmente diferente.
Um frio na barriga começou a acompanhar-me, e eu comecei a mudar a cada dia.
Inventei histórias em minha cabeça para justificar o amor não amado mas agora, quero voar num outro horizonte.
Pelo menos, hoje.
Pelo menos, neste instante.
Eu sei, que o infinito é infinito e é por isso que peço forças.
As minhas asas não podem ficar congeladas pela dor do amor.
É preciso que eu recupere o poder de voar e ir adiante.
Eu já existia antes de começar a viver esse amor e tenho a certeza de que continuarei a existir depois de ele se ir e é por isso que quero voar.
Quero voar e durante o meu vôo contemplar tudo que ficou esquecido durante esta minha passagem por um ninho que não me deu guarida.
Não quero ter ódio.
Não quero desejar mal. Só quero conseguir continuar voar.
A dor ainda não passou. A paixão teima em me fazer companhia e soprar nos meus sentimentos alguma esperança.
Não quero ter esse tipo de esperança.
Quero recuperar o meu vôo e ir adiante.
Quem sabe, neste lindo horizonte, algum pássaro queira me fazer companhia e o que hoje eu sinto será apenas a lembrança de uma dor profunda, que não existirá mais.
Este vendaval é violento, mas faz-me sentir vivo e isso é bom.
Já estou um pouco melhor.
Pelo menos agora, estou melhor.
Amanhã, quando a dor voltar, lembrarei-me de ti e melhorarei um pouco mais.
Até o dia em que a teia desta paixão me libertar, para talvez cair em outra.
Mas quem sabe, da próxima vez, o encontro seja mais belo, e a flecha de erros atinja dois corações e terei força para esperar que a dor passe e ver o amor ressurgir.
Ou então fecho de vez o meu coração...

Amo-te coisinha frustrante!

Se...


Se... um beijo fosse... uma flor, brindar-te-ia com um jardim,
Se... um beijo fosse... uma luz, brindar-te-ia com o Sol,
Se... um beijo fosse... um raio de luar, brindar-te-ia com a Lua,
Se... um beijo fosse... uma pérola d’água brindar-te-ia com o oceano,
Se... um beijo fosse... uma gota d’orvalho, brindar-te-ia com o céu,
Se... um beijo fosse... uma estrela, brindar-te-ia com o firmamento,
Se... um beijo fosse... uma alma, brindar-te-ia com a minha...


Reabrir o coração à vida

Extrapolei os sonhos!
Vivenciei as mágoas.
Convivi com fracos,
Suportei os falsos.
Mantive-me em pé,
Mesmo com as pedras atingido em cheio.
Varri da alma a revolta ignóbil,
o desprezo inútil,
e a descrença falsa.
Reabri meu coração à vida.
Deixei reflorescer a ternura.
Olhei em volta e para o céu sem fim...
Conformei-me com o mundo, conformei-me com a vida.
Com a vida e com o mundo...
Que mereci para mim.
Aprendi a reconhecer a amizade, sem mandamentos,
pela simples razão de amar.