Google+ O blogue: setembro 2017

Insónia

A noite chegou e já partiu
Trouxe estrelinhas a brilhar
E o branco suave do luar
Mas o sono ninguém o viu,

Queria tanto poder dormir
Esquecer esta solidão
Que trago em meu coração
E que teima em não partir,

Mas o sono é tão teimoso
E não vem para me mimar
E assim não posso sonhar
Um sonho de amor maravilhoso,

De manhã solto um lamento
A noite triste e fria já passou
Meu coração não descansou
Não descansou meu pensamento,

Estou cansado de esperar
Pelo meu amor rompante
Que pelo mundo anda errante
E não sabe onde me encontrar....

Mendigo

Mendigo o teu sorriso claro…
Mendigo-o para que ilumine o meu dia.
Mas apenas a cor cinza cobre a vida à minha volta.
Depois peço encarecidamente o brilho dos teus olhos…
Para que fique preso nos meus.
Mas não o sinto, não o vejo.
Mendigo o calor das tuas mãos…
E estendo as minhas na tua direcção e espero…
Mas espero em vão.
Pergunto-te no meu coração se pensas em mim…
Mas apenas recebo um silêncio rotundo, desconfortável.
Depois, dentro de mim a certeza de que não me vês.
Sou transparente, talvez feito de vidro, talvez feito de ar.
Sou uma mendigo…
Sou uma mendigo de beira de estrada…
Igual a qualquer mendigo que pede esmola num passeio de rua.
Mendigo e estendo as mãos e escondo o olhar tímido.
Sou uma mendigo da tua atenção.
Mendigo um pouco de ti na beira da tua estrada.
E espero.
Em vão. 
Espero sempre em vão.

Saudade

Entre as nuvens dispersas vislumbro o azul celeste
Fixo-as, às nuvens, altas e brancas
E de repente já não são nuvens
São Pégasos brancos como a neve
São tão belos que me fazem sorrir!
E não quero sorrir…
Não quero sorrir porque a solidão é tanta
É tanta e só me apetece chorar rios de lágrimas
Que possam correr até ti para te fazer lembrar de mim!
Só quero não fazer nada, ver nada, sentir nada!
Quero deixar-me engolir pela terra
Passar a viver serenamente nas suas profundezas
Longe do teu olhar esquecido de mim…
Mas os Pégasos estão ali…
Se estender a mão talvez os alcance…
Estão tão perto das minhas mãos, meu Deus!
Estendo-as então numa tentativa de os agarrar!
Mas eles avançam pelo céu em tropel
Numa cavalgada alada como nunca tinha visto!
São tantos! E belos! Tão belos!
E então, recolho a mão devagar
Não fui a tempo de lhes tocar
De os sentir na pele da palma da minha mão
De os abraçar, de imaginar viajar nas suas garupas
Sem destino pelo céu azul, longe da solidão da Terra
E da tua indiferença…
E de repente…
Já não são Pégasos mas nuvens outra vez
E também já não são brancas mas negras
São negras como breu e trazem tempestade dentro de si
Fixo o céu novamente até me doerem os olhos
E quando cai a primeira gota de chuva liberto a primeira lágrima
E deixo que se misturem na minha cara
E sulquem a minha pele até à minha boca
E saboreio por fim o gosto amargo da saudade…